quinta-feira, 23 de maio de 2013

Relatório da Anistia Internacional aponta: Estado racista, polícia assassina!

Mais uma vez uma instituição de grande respeitabilidade internacional aponta o que o movimento negro e movimentos sociais denunciam há décadas: O genocídio da juventude negra no Brasil.

Só em São Paulo, como aponta o Relatório da Anistia Internacional, 90 pessoas foram assassinadas pela polícia só no mês de Novembro de 2012. Números da própria Secretaria de Segurança Pública apontam que policiais militares mataram em serviço cerca de 600 pessoas em 2012, mais do que em 2006, durante os crimes de maio, quando 495 pessoas foram mortas. Em média, a PM-SP mata uma pessoa a cada 16 horas. Nesse mesmo período mais de 13 mil pessoas foram encarceradas.

A polícia mata em nome do Estado, legitimada pela grande mídia e chancelada pela maior parte da sociedade que, por ignorância ou perversidade, apoiam políticas de repressão.

Entre 2001 e 2011, as polícias de São Paulo mataram 5.591 pessoas – uma média de 508 civis por ano. Outras 1218 vítimas foram mortas por policiais fora de serviço que interviram ou reagiram a alguma situação enquanto estavam no período de folga. São quase 7 mil assassinatos em 10 anos, uma média de 680 ao ano, o que equivale a 3 tragédias de Santa Maria todo ano, mas com vítimas majoritariamente pobres e negras.

Em São Paulo, o Comitê de Luta Contra o Genocídio da Juventude Negra, frente que agrega dezenas de organizações sociais, familiares de vítimas e movimento negro, bem como grupos similares em diversos Estados brasileiros, vêm denunciando sistematicamente a violência policial e a atuação de milícias nas regiões periféricas em todo o país. Entre as diversas reivindicações, exigem a criação de uma CPI das polícias e milícias, além do impeachment de Alckmin por crimes de responsabilidade e desrespeito aos direitos humanos.

E o que vai mudar, agora que uma vez mais, a Anistia Internacional explicita ao mundo que o Estado Brasileiro não apenas é passivo diante da violência, mas é sim promotor do extermínio, e por isso genocida?

Quem chora essas mortes? Quem se importa com as chacinas cotidianas? Por que o corpo negro espancado, ensanguentado e morto não sensibiliza a sociedade?

Porque não reagimos, em massa, à Barbárie? 

Vivas à República democrática verde e amarela! 

Vivas à Democracia Racial brasileira.





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Anistia Internacional: repressão afeta mais jovens negros no Brasil
De acordo com o Relatório O Estado dos Direitos Humanos no Mundo lançado pela Anistia Internacional, os jovens negros são de forma desproporcional as principais vítimas, principalmente nas regiões Nordeste e Norte

Publicação: 22/05/2013 20:43 Atualização:

Rio de Janeiro - Apesar da melhora na situação sócioeconômica do país, a incidência de crimes violentos continua alta no Brasil, segundo o Relatório O Estado dos Direitos Humanos no Mundo, lançado nesta quarta-feira (22/5) pela Anistia Internacional.

De acordo com o documento, os jovens negros são de forma desproporcional as principais vítimas, principalmente nas regiões Nordeste e Norte. Segundo o diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, o país vive uma situação de quase extermínio de uma parcela da população.

“Em 2010, quase 9 mil jovens entre 9 e 19 anos foram mortos, de acordo com o Mapa da Violência, foram vítimas de homicídio. Estamos vivendo uma tragédia de proporções inacreditáveis, isso equivale a 48 aviões da TAM caindo todo ano cheio de jovens: crianças e adolescentes. Outro recorte mostra que uma parcela enorme, cerca de 50%, é homens negros que estão morrendo. Claramente, há uma situação que combina diversos fatores, violência institucional, número de armas que circulam, racismo, acabam vitimando um certo perfil de pessoas ”.

Roque lembrou que uma recomendação do Conselho Nacional de Defesa da Pessoa Humana, de novembro passado, pede o fim do auto de resistência, mas poucos estados implementaram.

“Nós continuamos a ter, ainda hoje, apesar de algumas mudanças e alguns avanços, um padrão de segurança pública, um padrão de ação dos agentes que deveriam trazer segurança para a população, marcado pela violência, por uma percepção de que se está em uma ação de guerra, em que se suspende o marco legal e você pode fazer o que quiser. Isso tem sido uma tônica no modo como a polícia atua não só no Rio e em São Paulo, mas em muitas outras situações no Brasil”.

O relatório ressalta que o governo lançou em setembro o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, chamado de Juventude Viva, porém cortou pela metade os recursos do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

O documento aponta que políticas, como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro, contribuíram para a diminuição no número de homicídios. Porém, a ação de milícias em muitas favelas continua, principalmente na zona oeste da cidade.

Em São Paulo, o número de homicídios aumentou 9,7% entre janeiro e setembro de 2012, de acordo com o relatório. Apenas em novembro passado, 90 pessoas foram mortas por policiais no estado. A explicação seria o aumento dos confrontos com organizações criminosas. Em maio, três policiais da tropa de choque Rota foram presos acusados de executar um suspeito.

Outro problema apontado pela Anistia Internacional é o número de presos, que continua aumentado. Atualmente, segundo a entidade, faltam 200 mil vagas no sistema carcerário brasileiro.

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