30 de Janeiro 2013
Gostei muito da reflexão do mano Izaqueu Alves sobre o programa da Regina Casé, na globo.
VALE A PENA LER!
Representou irmão!
"Nada além do mesmo de sempre..."
Escrever sobre as pessoas que amamos é sempre mais difícil e este post não vai ser diferente pois falar de Regina Casé é algo complicado já que sabemos da luta e do seu esforço em prol da dignidade do povo da favela leia-se preto. Apesar da minha imensa admiração sou obrigado a ser honesto e dizer o que eu vejo e entendo do programa ESQUENTA que rola aos domingos na Globo. Vi , revi e vi de novo e sempre tive a mesma impressão, o programa não passa de uma propaganda barata do ideal de miscigenação alienante. Pretos sorridentes e felizes interagindo com artistas brancos igualmente sorridentes com seu status quo bem resolvido. No episódio de um domingo desses no mês de janeiro, ficou bem claro o modelo de sociedade que se visa propagar. Uma moça negra que trabalha no jornal da manhã e fala sobre economia ou coisa do tipo foi lá e a certa altura começou a falar de cotas eu até me surpreendi quando ela disse que era a favor e tal, mas quando entrou em cena a sua família ai sim entendi a sutileza da jogada. Ela é casada com um homem branco e seus filhos têm a pele bem clara até porque ela também é miscigenada, ou seja, esta em pleno processo do ideal de branqueamento, os filhos dos seus filhos já não se consideraram negros e nem reconheceram seus antepassado negros salvo para justificar um ou outro deslize racista que por ventura possam ter. Essa é a jogada já que as cotas é algo inevitável, então que seja para os menos pretos, já que cotas é inevitável, então que seja para aqueles que conhecemos e já sabemos que não oferecem qualquer perigo a nossa hegemonia. É assim que eles pensam. Isso tem um nome: Miscigenação programada. Que todos negros busquem esse ideal de brancura, que todos os mestiços busquem esse ideal de brancura, pois só este pode significar a aceitação e a tão sonhada mobilidade social. O programa Esquenta infelizmente não muda nada, não acrescenta nada a nós pretos minimamente conscientes da realidade sócio/racial brasileira. É duro dizer isso? É pow! É difícil criticar os nossos, mas o papel de um pensador é incomodar, às vezes até causar constrangimento, mas nunca é o papel do silenciado.
http://midiapretabrasil.blogspot.com.br/2013/01/na-alem-do-mesmo-de-sempre.html
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